A exposição As coisas não ditas é um ponto de parada no percurso da
artista visual e performer Tatiana Duarte. Convidando-nos a entrar na
intimidade de uma ancestralidade apagada, hibridiza, nas mais diversas
formas e expressões da arte contemporânea, o quanto um corpo pode
suportar. Nos limiares da fabulação, constrói um espaço-corpo:
resistência e estética relacional.
Os afetos que vibram do trabalho dão vazão a uma poética que
desenterra, desamontoa e desemaranha as histórias com sua avó.
Memórias são construídas e oxigenadas com lufadas performáticas,
buscando nas ações os encontros e a potência infraordinária.
Nas palavras da artista, “a terra cobre as histórias, é a resistência
perante a vida. As coisas não ditas dizem muito sobre minha avó” e assim
assume um caráter de desapropriação da hegemonia falocentrista,
convocando um corpo que reúne fragilidades e sutilezas. Posto em ação, o
espectador é visto como parte de “um ritual de passagem que encontra as
pistas” de um corpo que deixa rastros.
O pensamento contemporâneo é posto em destaque, marcado pelas
fragmentações e descobertas da poética artística. A exposição é um abraço
contra a banalização e o apagamento das violências e agressões que povos
vulneráveis sofrem, manifestando os vetores potencializadores de vida.
Texto de Thiago Rodeghiero
Link para acessar o livro: https://www.calameo.com/books/0067353430f3d1da92d42
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