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"Olha eu aqui de novo!" A tomada das ruas em 2013 e sua poesia inesgotável

Atualizado: 30 de jan.



Os atos que tomaram as ruas do Brasil a partir de junho de 2013 são materializados neste livro de Beatriz Provasi, a partir de relatos e imagens da experiência carioca, sob uma perspectiva ao mesmo tempo estética e política. Artista, ativista e pesquisadora, Provasi atravessa as ruas do Rio de Janeiro em certos momentos de intensidade, de 2013 a 2016, deixando também seus rastros na cidade. Como desdobramento da sua pesquisa de doutorado em Literatura, Cultura e Contemporaneidade (PUC-Rio, 2018), o texto se apresenta em forma de diários e articula um vasto universo de referências culturais. A narrativa sugere tanto a centralidade do corpo e da presença como a polifonia e a multiplicidade das ruas. A autora não se propõe a explicar os atos ou fixá-los na História, mas, ao contar histórias, usa os acontecimentos como fonte para uma escrita reflexiva sobre o mundo, a cultura, a arte, a política, a vida urbana e a contemporaneidade. O foco está, sobretudo, na produção de presença e na criação de zonas autônomas temporárias. 2013 não acabou. Porém, não continua. Spoiler alert: a autora se opõe categoricamente a leituras simplistas que situam 2013 como precursor do golpe de 2016. Antes, chama a atenção para a sua abertura inexorável, que não permite conclusões. Por isso, o próprio livro permanece inconcluso. É uma pesquisa minuciosa, mas também um ensaio poético, que busca captar aquilo que de 2013 a autora considera a sua poesia inesgotável. 2013 era um grande movimento de ocupação das cidades ressignificando espaços e vidas. E como aqueles manifestantes que sempre retornavam após os ataques da polícia cantando “Olha eu aqui de novo!”, há algo que sempre volta, que não se rende à dispersão imposta e ainda faz questão de tirar sarro dançando. O livro é essa dança.





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